sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sociedade X Povo

Hoje encontrei um panfleto do movimento contras as Vitórias. No folheto havia uma foto que mostrava o condutor de vitórias com o braço engessado e o socorro veterinário ao cavalo caído, e em seguida, vários argumentos na defesa da retirada das vitórias ou charretes, na base de: você sabia..., bem, concordo invariavelmente com todos.
Antes de tecer algumas opiniões pessoais sobre o assunto, gostaria de esclarecer alguns pontos relevantes.
A diferença entre sociedade e o povo – A sociedade é composta das classes A,B,C e as demais camadas compõem o povo.

A sociedade brasileira, sobretudo a petropolitana, gosta de ficar bem na foto. Aparecer nos jornais, colunas sociais, TV, e outras, segurando um bandeira que faça jus a sua imagem. Durante toda minha caminhada de vida COMUNITÁRIA, poucas vezes vi membros da sociedade no combate a pobreza, fome e etc.

Não fica bem Senhoras da sociedade impor seu grito em prol de saneamento básico na favela. Segurar e/ou beijar crianças sujas e desnutridas só para políticos, pois normalmente estragam a maquiagem e amarrotam suas vestes caríssimas.
Não há duvidas, dá mais status lutar contra a extinção da samambaia chorona, das baleias, da pesca predatória, da caça indiscriminadas, de uma alimentação saudável sem agrotóxicos e etc.

A sociedade que protege é a mesma que consome. Nunca vi nenhum membro do povo comprando ou usando sapatos de couro de jacaré, mesa de mogno, cadeiras de jacarandá e etc. Normalmente a própria sociedade que cria, combate e lucra com seus problemas.

É muito comum dizer que a sociedade paga altos impostos, e a imagem que se passa é a do povo sendo sustentado por ela. No entanto é através da exploração do povo é que a sociedade se sustenta.

Fala-se muito em organizações não governamental , as famosas ong. Tem ong para tudo que se imagina: Para ajudar crianças de ruas, para mendigos, para meio ambiente e assim por diante. A grande maioria dessas ongs se transformaram em atividades lucrativas e invariavelmente dirigidas por pessoas dessa sociedade.
Uma coisa que me chama atenção é o monte de verba publica destinadas à essas organizações, além do fato de surgir novas ongs todos dias . Mas os problemas de outrem continuam: Ainda encontramos crianças mendigando nas ruas, as florestas são devastadas, a educação cai a cada dia e por ai vai...
Quanto mais os problemas, mais dinheiro publico entra. É dinheiro publico, são campanhas na tv, são passeatas, venda de camisetas, ufa! haja dinheiro! O pior é que ele aparece, mas as soluções nunca.

O povo continua lá, ferrado, sem condições mínimas de sobrevivência. E quando se pergunta por que? Vem a resposta : o povo não quer nada com nada.

Voltamos a foto do panfleto anteriormente mencionado. Na foto havia o condutor da vitória e veterinário socorrendo o animal. Essa é a foto do povo que não quer nada. Mesmo com o braço engessado estava lá ele trabalhando, com um animal tão desnutrido, talvez, quanto seus filhos.
Uma coisa é bem clara para mim. Temos que repensar na postura dessa sociedade, e transformar a utopia em realidade: Uma sociedade sem exclusões.

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